sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Assalto à Casa Loteria da Rua Benjamim Constant, 49






Anteontem, quarta-feira, por volta de 16 horas, entrei na Lotérica Benjamim, na Glória...

Eu havia acabado de receber a informação da morte do meu amigo Cel. Moura...

Nem sabia o que fazer direito...

Fico rodando pela cidade sem pegar passageiros...

Resolvo fazer um jogo de Mega-Sena para retornar a realidade...

Ao entrar na loja todos estão estáticos, fregueses e atendentes...

Ficam me olhando em silêncio enquanto eu reviro a pequena bolsa que carrego ao lado direito do cinto a tentar encontrar o volante de apostas...

O movimento pode ser confundido com sacar uma arma já que tenho hábito de usar camisa por fora das calças...

Nem percebo dois rapazes cruzarem por mim, um de cada lado, apressados...

Acabam de assaltar a Lotérica...

Ainda havia notas de 10 reais espalhadas sobre o balcão...

O dono havia se refugiado em sala nos fundos após ter uma pistola apontada para sua testa...

Ao refugiar-se deixou todos sobre risco de tiroteio já que os assaltantes poderiam imaginar que iria apanhar uma arma...

É tão surreal testemunhar um assalto que você demora a acreditar que aquilo seja possível de estar acontecendo...

Todos funcionários passavam mal...

Algumas pessoas que passam em frente a loja recolhem dinheiro que um dos assaltantes deixou cair e devolvem...

Tá vendo?

Ainda existem pessoas honestas...

A loja não tem sistema de câmeras, nem seguranças...

Os ladrões sequer tomaram cuidado de usar nem boné para dificultar a identificação posterior...

E empreenderam fuga a pé...

Mesmo naquela confusão pós-assalto consigo fazer a aposta...

Ao descer pela Rua Santo Amaro policiais militares com fuzis e pistolas abordam carros e pedem para abrir portas e vidros...

A chuva desce inclemente molhando uniformes, quepes e armas...

Comento o assalto que acabou de ocorrer na rua transversal...

Eles estão checando exatamente a denúncia...

- Eles estão motorizados?

- Não, fugiram andando!

Comunicam a duas outras patrulhas que ligam sirenes e contornam o quarteirão...

O Rio nos reserva grandes emoções a cada esquina...

Aqui ninguém morre de tédio...


Jorge Schweitzer

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