segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Quero morrer na minha cama... Da doença que deus me der...







Sou meio caboclo de todos sertões...

Nunca me dou bem...

Tenho precisão e filho piá para criar...

Trabalho demais...

Não leio a Bíblia...

Quando leio não compreendo Deus...

Nem no Velho nem no Novo Testamento...

É verdade, meu senhor...

Já morri diversas vezes...

Já renasci outras tantas...

Sem subir céus...

A vida é assim...

Cruel e linda...

Experimentei todos cárceres...

Já desfrutei todas liberdades...

Prisões e vôos...

Fazer o quê?!

Simbora poeira...

Jesus Cristo, Jesus Cristo, Jesus Cristo eu estou aqui...

Por quê não me vê?

Finjo lutas...

Simulo paz...

Feijão...

Peixe...

Fava...

Farinha...

Rapadura...

Café na lata...
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Macaxeira...

Seleção Brasileira...

Tenho esperança...

Lógico...

Vou caminhando e solfejando...

A terra é sagrada e cria tudo...

Jesus Cristo foi embora e deixou pastores para cuidar de nós...

Sou o povo de Deus...

Dôo todos os dízimos que me roubam...

Sou louco anestesiado pela cachaça das ruas...

Todos olhos do mundo me miram...

Todas câmeras da cidade anotam minhas multas...

A cada dia perco pontos em minha carteira de habilitação da vida...

Sigo em Movimento...

Ano seguinte é menos um...

Finjo ser mais...

Tenho a mesma idade de quando me percebi...

Amordaço a ciência da minha morte na hora das minhas solidões...

Melhor morrer esperneando do que quietinho...

Sou o coordenador geral da minha vida plena...

Sem um pingo de arrependimento vazio...

Já votei em Lula...

Jamais volto a votar em ladrão...

Prá quebrar o côco cacete tem que ser duro...



Amém!




Jorge Schweitzer

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