segunda-feira, 24 de maio de 2010

Mulher...

.



.

. .
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.

Mulher não trai, mulher se vinga...

Odeio esta lógica brega de letra de forró...

Difícil admitir nossa amada entre gemidos sinceros em braços que não nossos...

Tempos atrás passei pela Rua Oswaldo Cruz logo após uma meia maratona...

Diversos suados acenavam em vão aos táxis que os recusavam para não molharem o banco...

Uma moça linda de pernas maravilhosas e medalha no peito de mérito por haver completado o percurso...

Fiquei enebriado com seu aceno a me buscar tal um canto de sereia nas pedreiras a espatifar minha recusa...

Encostei meu táxi à estibordo da avenida de olho na bombordo da musa que adentrou o convés do meu banco de trás...

Me contou sua vida inteira não sei a razão...

Táxi desengasga pacientes compulsivas de consultórios psicanalíticos ambulantes que exercitam neuras que não tem para quem contar de graça...

Casada, profissional de sucesso e marido ciumento...

Somente não se separava porque o esposo proporcionava viagens internacionais constantes e medo de ser assassinada por ciúmes...

Não posso dizer sua profissão para não deixar pistas por aqui...

Como esta mulher é totalmente real, se falar algo dá zebra...

Já não o amava mais...

Me confessou 49 anos de idade que duvidei com queixo caído...

Sinceramente, pensei em aconselhar amores fortuítos com pessoas que o marido não houvesse desconfiar como refúgio de seu abandono...

Utilizei a estratégia recorrente de duvidar como algum homem é capaz de não valorizar mulher diferenciada tão cheia de predicativos e adjetivos que eu seria capaz de reproduzir naquele instante pelo menos cento e vinte...

Não me prontifiquei, mas insinuei...

Algo como um taxista solitário, romântico e tarado por pernas esculpidas por trotes em torno da Lagoa Rodrigo de Freitas...

Anotou meu telefone, jamais retornou...

Vez por outra, quando alguma ligação não completa em meu celular, minha imaginação enche-se de esperança de uma recaída matrimonial da deusa...

Ontem, domingo, recebi a tão almejada ligação...

Confessou que me lê sempre, 'desde aquele dia'...

Falou, falou, falou e falou...

Só parou quando avisei que meu celular piscava avisando final de bateria...

Ia correndo tudo bem até que finalizou com 'um beijo em seu coração'...

Lógico que mulher com péssimas (leiam: boas) intenções jamais enviará beijo no meu coração...

Pior que beijo no coração só mesmo 'obrigado por você existir'...

Haja paciência...




Jorge Schweitzer



PS: Evidente que achei ótimo a linda me ligar... Curioso como mulheres jamais nos abandonam para sempre... Sempre reavivam nossas esperanças nem que seja somente para nos conservarem no banco de reserva para qualquer emergência... Mas, ela só quer me alugar como confessionário para seu genuflexório... Até porque estou mesmo é procurando uma senhora com mais de 95 anos; pelo cinco imóveis desembaraçados em seu nome e sem problemas de interdição, para vivermos um grande amor...





Nenhum comentário:

Postar um comentário