sábado, 19 de junho de 2010

José de Sousa Saramago (Azinhaga, Golegã, 16 de Novembro de 1922 — Lanzarote, 18 de Junho de 2010)

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Algumas pessoas tornam-se importantes em nossas vidas sem que nunca tenhamos a chance de conhecê-las. Saramago foi e é uma dessas pessoas.

Quando li Saramago pela primeira vez sabia que estava diante de algo maior, que pertence ao seleto grupo de criadores que fazem obras que marcam pra sempre. E era bom de vez em quando saber que o mesmo autor daqueles livros estava dando entrevistas sobre os mais variados assuntos. É bom e raro ler obras fascinantes sabendo que o autor está vivo. Eles acabam ficando mais próximos e num certo sentido também a obra torna-se mais próxima. O fato de estarem vivos nos dá uma certa esperança e até orgulho: "bom que esse escritor está vivo e estamos dividindo o mesmo tempo".

Sempre lembro da descrição das figuras de barro que Saramago faz no livro A Caverna. É como se no próximo segundo você faz parte daquele mundo, daquela família que mistura o barro na água e vai criando os bonecos. É como se suas mãos estivessem sujas de barro. Maravilhoso.

Não quis e nem assistirei ao filme de Fernando Meirelles baseado no Ensaio sobre a Cegueira. O livro é de uma força quase inexplicável. Uma obra eterna.
Mas vivemos na cultura das imagens muito mais do que o pensamento, muito mais do que a leitura ou os sons. Saramago entendia o movimento de sua época. E a mensagem dentro de sua obra era maior do que a própria obra. Raríssimos criadores chegam a esse nível de transcendência.

Otávio





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