terça-feira, 3 de abril de 2012

Presidente da TO, Sérgio Alves, para operários que trabalharam no prédio que desabou no RJ: 'Corda sempre arrebenta pro lado mais fraco'





Tássia Thum Do G1 RJ


O delegado da Polícia Federal Fábio Scliar disse, na noite desta terça-feira (3), que alguns operários que trabalhavam nas obras realizadas na empresa Tecnologia Organizacional (TO), no 9º andar do Edifício Liberdade, um dos três imóveis que desabaram no Centro do Rio em janeiro, contaram que foram "intimidados" pelo dono da empresa, Sérgio Alves.

No desabamento dos dois edifícios e um sobrado, 22 pessoas morreram, sendo que duas foram identificadas nesta terça e outras três seguem ainda sem identificação.

Segundo a PF, os operários contaram que o empresário pediu que eles sempre fossem prestar depoimento à polícia acompanhados do advogado contratado pela TO, com o objetivo de manter sempre a mesma versão entre os operários e a direção da empresa.

“Eles disseram que numa determinada reunião, o presidente da empresa pediu que eles viessem sempre acompanhados do advogado da empresa porque não adiantava eles ficarem contando uma história e o Sérgio [Alves, presidente da TO] outra, porque 'a corda sempre arrebenta pro lado mais fraco'”, falou Scliar.

O advogado Jorge Willians, que representa a TO, disse que ainda não teve acesso ao inquérito policial e, por isso, não pode afirmar se os operários apresentaram essa versão à Polícia Federal.

Reportagem publicada no jornal O Globo nesta terça informava que o delegado faria a acareação nesta terça, após o depoimento de um operário afirmando que o andar do prédio Liberdade onde havia obras "virou um salão aberto, à exceção de uma coluna de 20 centímetros que suportava o barbará, próximo à porta do banheiro".


Derrubada de paredes

Também foi ouvida pela PF nesta terça-feira (3), a funcionária da TO, Cristiane Azevedo, que passava as ordens aos pedreiros. De acordo com o delegado Fábio Scliar, ela negou que tenha ordenado aos operários que derrubassem as paredes. Ela disse ainda, segundo a PF, que tinha uma autorização verbal do síndico do edifício para que as obras fossem realizadas no andar.

Na manhã desta terça, os quatro operários participaram de uma acareação na Polícia Federal. O delegado falou que os operários disseram em depoimento que pelo menos quatro paredes estruturais foram derrubadas. Ainda de acordo com a PF, os operários afirmaram que em toda a obra foram colocadas abaixo cerca de oito paredes.


Operários não especializados

O delegado Fábio Scliar explicou que os operários que trabalhavam na obra não eram
especializados em construção. Segundo a PF, os homens trabalhavam em uma empresa de decoração, que desenvolvia serviços na área de gesso, piso e persiana. Scliar ressalta que na obra não havia pedreiros, sendo que apenas um dos operários desenvolvia a função de ajudante de obras.

“Eles não são aqueles pedreiros de profissão. Um deles é, de fato, ajudante e servente de pedreiro. Um outro trabalha esporadicamente como ajudante de pedreiro, os outros estavam meio que quebrando o galho, derrubando parede. Então, eles não têm nem o conhecimento empírico do que seja uma estrutura. Alguns deles acreditavam que a parede que estavam quebrando era nada mais que uma parede com o emboço forte, revestida com uma tela de ferro', contou o delegado. "Me parece que não eram as melhores pessoas para fazerem essa obra”, frisou Scliar.

O advogado da TO, Jorge Willians, alegou que a empresa responsável pelas obras foi escolhida através de licitação.

"A empresa TO não derrubou nenhum pilar, muito menos nenhuma viga. A TO fez uma licitação e contratou uma empresa mais adequada ao orçamento dela. Contratou uma empresa que tivesse condições de fazer a quebra de paredes de drywall, divisórias de tijolos, mais nada, além disso", argumentou

Mudança de versão

Ainda de acordo com o delegado, um operário mudou a versão apresentada em depoimento à Polícia Civil e um outro admitiu que mentiu, alegando que estava se sentindo pressionado pela empresa TO. Apenas dois operários são defendidos pelo mesmo advogado da TO.

Nesta manhã, o delegado Fábio Scliar disse ao G1 que recebeu o inquérito iniciado na Polícia Civil na sexta-feira (30), que passou para a alçada da Polícia Federal por envolver danos ao Theatro Municipal, um bem tombado pela União.



PS:
Sérgio Alves, dono da Tecnologia Organizacional (TO), possui amigos poderosos... Semanas atrás escutei pessoalmente a versão de político considerado sério e tal... Todos vocês o conhecem... Parece até mentira, né? Não é! As coisas parecem me cair de bandeja mesmo sem eu procurar por aí... Pois existe uma tentativa de nos enfiar guela abaixo que o Sérgio Alves também foi vítima já que o desabamento teria iniciado no alto do prédio acima do 15o. andar onde foram feitos puxadinhos autorizados pela Prefeitura na época... Somados à isto haveria mais a interferência da trepidação do Metrô abaixo e da garagem subterrânea construída faz pouco... Acredito também que a soma de todos permissividades não impedidas pelo poder público pode ter gerado a catástrofe, porém a obra da TO do Sérgio Alves foi decisiva... Ainda tive oportunidade de escutar que Sérgio Alves é um homem sério e que gera emprego na mesma ladainha repetida a cada tragédia... Daí fiquei muito irritado por tentar me fazer de imbecil cara-a-cara: 'Pô, qualé?'... Só estou aguardando o tal político aparecer publicamente defendendo sua tese incensatória... JS







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