sexta-feira, 15 de junho de 2012

Obras no Leme... Texto e fotos de Valéria del Cueto do 'Sem Fim'














"A obra tem mais de ano no Leme. Fechou ruas - a rua Aureliano Leal, entre a Gustavo Sampaio e a Av. Atlântica, onde até hoje é o dormitório, estacionamento e depósito da empreiteira encarregada - empoeirou, engarrafou e atrapalhou a vida dos moradores do bairro carioca. Primeiro na Gustavo Sampaio, depois na Ribeiro da Costa e, agora na ladeira Ari Barroso.

O prazo para sua conclusão - dizia a lenda - era o início da Rio+20. Dia 14 o prefeito Eduardo Paes e sua entourage subirão o morro para mostrar o que faz uma UPP, como se ele estivesse inventando o que há anos as favelas do Rio constroem diáriamente; uma vida melhor, com mais dignidade.

A vitrine da Rio+20 de cá parece um pesadelo: atrasos, atropelos, barbeiragens que transformaram as vidas dos moradores do bairro e especialmente das comunidades de Chapéu Mangueira e Babilônia num inferno. Na última semana faltou água, luz e houve sérios problemas, ainda não solucionados, nas tubulações de esgotos.

Os moradores tinham mais uma dificuldade para subir o morro: a ladeira virou primeiro um lamaçal, depois uma corredeira (fatos narrados na crônica "Régua, esquadro e compasso" e mostrados no ensaio com o memso nome), e finalmente, sobrou o esgoto jorrando num pouco acima do cruzamento e sendo desviado para um bueiro da Ribeiro da Costa. E olhem que estamos falando apenas da entrada, imaginem como estavam as coisas lá em cima...

Na antevéspera da visita, um desemtupidor gigante perturbou com seu altíssimo rotor toda a vizinhança durante toda a tarde tentanto, sem sucesso, solucionar o problema. No final do trabalho, tinha retirado parte da terra que filtrava os dejetos pelesas tubulações que desciam. Horas depois, quando parou o barulhão, havia trocado as águas quase transparentes que desciam pelo esgoto fétido e insalubre. E assim ficamos toda a noite, até a véspera do início dos eventos quando, na parte da tarde, três caminhões de misturar cimento fizeram sua base na Ribeiro da Costa, trazendo nas caçambas os símbolos da Copa do Mundo e das Olímpiadas, irônicamente lembrando as agruras que certamente iremos enfrentar a cada chegada de evento, com a agilidade e eficiência aqui demonstrados.

Para finalizar o balanço, ficamos com a obra que chamo de bandeira do PAC, uma junção de tapumes da CEG, fechando a calçada cheio de entulhos num buraco com os canos de serviço (água,gás,energia) soterrados com a terra que desceu do morro. E mais a água jorrando do bueiro entupido, fazendo a curva pela esquina da Ribeiro da Costa até a boca de lobo mais próxima para mostrar aos visitantes o que é que o Leme tem!

Que vergonha, senhor prefeito..."

* texto e fotos de Valéria del Cueto para a série "Pé do Morro da Ponta do Leme", para o Sem Fim...


PS: Para verem a galeria completa de fotos acessem o blog da nossa maravilhosa amiga Valéria del Cueto: http://delcueto.multiply.com/photos/album/544 ... Bem por ali na Gustavo Sampaio, no Leme, morou até ir embora recentemente meu amigo Cel. Moura... Volta e meia passo em frente ao prédio dele... Agora tendo que driblar este canteiro de obras inacabável do Eduardo Paes e seus empreiteiros que transformaram a vida dos moradores num inferno sem prazo para acabar... Será que é a Delta? JS





Um comentário:

  1. Olá, eu estou contente de ver fotos das renovações porque enbellece cidade. Eu amo essa área, eu estou pensando em comprar uma casa em leme para usar no feriado. beijos

    ResponderExcluir