quinta-feira, 14 de junho de 2012

Patrícia Amieiro: 4 anos do desaparecimento da engenheira após seu carro ser atingido por tiros de PMs na Barra da Tijuca RJ





Nesta quinta-feira faz quatro anos do desaparecimento da jovem, que foi declarada como morta pela Justiça

Ronaldo Braga
Globo


RIO - Quatro anos após o desaparecimento da filha, a engenheira Patrícia Amieiro Branco de Franco, o aposentado do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) Antônio Celso Franco tem mais um motivo para chorar: sua sogra (e não a mãe de Patrícia, como havia sido publicado anteriormente), Célia Amieiro, morreu há duas semanas por problemas de saúde. Segundo Antônio, ela ainda tinha esperanças de encontrar sua neta viva. Apesar disso, a Justiça já declarou a morte da jovem.

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— Nossa Família tem certeza de que os policiais mataram e ocultaram seu corpo (de Patrícia) covardemente. Estou no meio de uma guerra. Procuro a minha filha e espero que os PMs digam onde a enterraram ou onde estão seus restos mortais. Além disso, perdi a minha sogra, que junto comigo batalhou durante estes quatro anos para ver a nossa Patrícia — disse Celso Franco emocionado.

Nesta quinta-feira, dia 14 de junho, faz quatro anos do desaparecimento da engenheira, que tinha 24 anos de idade. Ela voltava para casa de uma festa, durante a madrugada, quando teve seu carro atingido por projéteis de arma de fogo. A jovem teria perdido a direção do veículo, que parou nas margens do canal na entrada da Barra da Tijuca. Quatro policiais militares são acusados da morte e ocultação do corpo de Patrícia. O pai dela contou que no próximo dia 30 haverá uma manifestação no local onde o carro da engenheira foi encontrado, na entrada da Barra da Tijuca.

— Iremos colocar um grande painel de cinco metros de altura, feito especialmente para a manifestação, com os dizeres: “Policiais, entreguem a ossada!”, junto com uma foto de Patrícia e a frase: “Cadê a Justiça!”. Esse painel dará início a uma grande campanha, que tem como principal objetivo, fazer com que os os agentes se sensibilizem e devolvam os restos mortais de nossa filha — explicou ele.

O pai de Patrícia esclareceu que no próximo dia 5 de julho, logo depois da manifestação, ocorrerá a última audiência do caso. Nela serão ouvidas duas testemunhas de defesa, e os quatro policiais militares acusados do crime. Depois o juiz decidirá se o caso vai ou não, à júri popular.

— Nossa luta é que esse caso vá à Júri popular. Se não vai ser dado alvará pra todo mundo sair matando e escondendo os corpos — afirmou Adryano Amieiro, irmão de Patrícia, que contou ainda que a campanha se estenderá também pelas redes sociais, além de diversos cartazes espalhados pelas ruas da cidade.

— Iremos fazer um grande jardim no local do “suposto acidente”. O jardim será desenvolvido por um paisagista, onde também terá uma placa escrito: “Jardim Patrícia Amieiro”. O jardim estará semi pronto, para que amigos e parentes possam plantar as últimas mudas de plantas na hora do ato. O Jardim tem a finalidade de Simbolizar o local, e homenagear Patrícia — contou Adryano.

Antônio Celso explicou que a instalação da Comissão da verdade, que vai apurar os crimes ocorridos na época da ditadura, deu ideia de recolher assinaturas para petição que pede à presidente Dilma Rousseff a ampliação da investigação para incluir a busca pelos desaparecidos da violência policial. O aposentado esclareceu também que a lentidão da Justiça, somada com a impunidade, vem destruindo sua família.

— Além de lutarmos durante quatro anos em busca de justiça, convivemos com uma dor diária de nunca ter encontrado o corpo de Patrícia. Esta manifestação será nossa última esperança e tentativa de sensibilizar os policias de entregarem a ossada ou alguma parte de seu corpo para podermos fazer um enterro. Caso isso não ocorra e as investigações não avancem, iremos fazer um enterro simbólico em frente ao Palácio da Guanabara, pois esta responsabilidade tem que ser atribuída ao governo do Estado, já que foram seus agentes que mataram e ocultaram o corpo de nossa filha — disse ele.

O ato terá a presença de vários familiares de vítimas, como: Tânia Lopes (irmã de Tim Lopes), Anjos de realengo (vítimas do massacre do colégio de Realengo), Paulo Roberto (pai de João Roberto, morto na tijuca ), Carlos Santiago (Gabriela sou da paz), Daniela Duque (mãe de Daniel Duque), Juiz Marcelo Alexandrino, que teve seu carro baleado por policiais na Grajaú-Jacarepaguá, e várias outras vítimas da violência.

Em junho do ano passado, três anos após seu desaparecimento, a Justiça do Rio declarou a morte presumida da engenheira Patrícia Amieiro. O pedido foi feito pelo pai da vítima e concedido pela juíza Flávia de Almeida Viveiros de Castro, da 6ª Vara Cível da Barra. Para a magistrada, as declarações juntadas aos autos provaram que Patrícia possuía vínculos muito estreitos com seus familiares e amigos, além da foto do carro dela e o local onde foi encontrado não deixarem dúvida de que a jovem não poderia ter saído viva do veículo.



PS: Dia 30 de junho (sábado) a família de Patrícia Amieiro fará manifestação no local onde desabou o carro da engenheira após ser atingido por tiros de PMs... JS


4 comentários:

  1. Ninguém pode prantear, ninguém pode se permitir estar de luto, se não houver a certeza da morte do ente querido. Por isso, é de suma importância o corpo, ou os restos mortais de uma pessoa desaparecida. Espero, que os policiais envolvidos nesse assassinato tenham, enfim, a hombridade de devolver à família da Patrícia os restos mortais da jovem. Quem tem a coragem de matar, tem que ter a coragem de assumir o que fez.

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  2. Que triste isso para um pai. Perder a filha e ainda ter que lutar contra a covardia desses policiais nojentos.
    Espero que um dia descubram a verdade e possam dar um enterro decente para esta jovem.

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  3. A não solução desse caso só vem provar o corporativismo que há na polícia/segurança/justiça. O comandante, juiz, desembargador ou cargo que o valha, responsável pelo caso, torna-se nesse momento um elemento com nivel de igualdade idêntico ao covarde e criminoso agente do baixo escalão que cometeu o homicídio e ocultação.
    Porque essa conivencia? Em nome da instituição?

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  4. Eu não vi nada nos jornais sobre este caso. Sabe me dizer se a mídia já esqueceu-se deste horror?? Cadê as manifestações. As letras garrafais. Ahm, isso definitivamente não da IBOPE!

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