quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Jorge Schweitzer não existe!









Antes de adormecer, abraçado a uma almofada, lembro seu nome...

Ou codinome...

Ela não tem rosto, nem formas...

Meus pensamentos vagueiam obsessivamente sua página...

Ela acaricia-me com palavras e rsrsrsrsrsrs...

Só escreve o que eu gostaria de ler...

Ao amanhecer corro até o monitor...

Ela já esteve lá a me procurar na madrugada...

Enquanto eu dormia...

Deixa recados cifrados...

Insinuações...

Executa um plano de sedução constante; interminável...

Talvez para testar sua capacidade de atração ou encantamento...

Adolescentemente adiciono-a às minhas fantasias impublicáveis...

Doentiamente irado, temendo ser desmascarado, resolvo que nunca mais irei entrar em seu endereço...

Covardemente, retorno...

Sinto ciúmes de quem gosta dela...

Ou de quem ela possa vir a gostar...

Pesquiso retribuições idiotas dos admiradores de pobres comentários...

Vira uma debilidade...

Muito provavelmente ela não exista fisicamente...

Bem...

Eu também não...

Sou a criação de vários abastados aposentados de Copacabana que resolveram construir um personagem...

Bolaram um nome, profissão, endereço e começaram a postar mensagens...

Cada um dá uma sugestão...

Eu tenho sete cabeças e quatorze mãos digitalizadoras...

Fui contratado simplesmente porque precisavam materializar a brincadeira...

Cada um dos sete cérebros cria uma crônica ou comentário diário...

Tal um boneco de ventríloco fico ao largo observando, aguardando a hora de entrar em cena...

Começo a pleitear alforria...

Um polpudo contrato me impede de tornar pública minha vontade própria...

Um ser vagando na web sem livre arbítrio....

Sou o que gostaria ser, mas não posso revelar...

Sob pena de perder as benesses proporcionadas por estes mágicos anciões ricos manipuladores de fios condutores da vida e vontade de um taxista...



Jorge Schweitzer





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