domingo, 12 de agosto de 2012

Jorge Schweitzer, O Falso Arcanjo do Facebook






Se mostrar na Internet atraente é um esforço...

Somos lindos...

Frases alheias e rostos de há cinquenta anos que sequer nossos...

Mulheres bastam mostrar um pedaço da bunda...

A trajetória de Rita Cadillac possui maior atrativo que Érico Veríssimo...

O Facebook tornou-se canal para nos mostrarmos como devemos ser...

Qualquer empregador o utiliza como fonte...

Ninguém é mais quanto pesa...

Viramos reféns do que aguardam que um dia seremos...

Somos rascunho óbvio de nós mesmos...

Nos recriamos num satânico fantoche boneco de pano ventriloco em auto charge apropriada...

Aos poucos sequer mais nos reconhecemos...

Aquele rosto e frases não mais nos pertencem...

Somos o elo entre a fantasia e cotidiano infame...

Nos tornamos arcanjos desmedidos...

Os porcos loucos de Orwell são os outros...

Nós não...

Nunca...

Os mesmos bandidos que matam nossos filhos se metaforseiam em heróis ao trucidarem a tiros de fuzis um negro menino debaixo do sofá...

Somos o que não podemos ser...

Extravazamos todas nossas coragens mentirosas...

Nossa alma se acalenta...

Não devemos nada à ninguém...

Lógico...

A internet permite nossas barbaridades em causa própria...

Salve a Internet!




Jorge Schweitzer





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