sábado, 22 de setembro de 2012

Onde está a cavalaria?










Quando tudo parecia perdido...

Com a caravana cercada...

Aparecia a cavalaria...

Homens vestidos de azul escuro e lenço no pescoço com botões reluzentes empunhando Justiça a expulsar invasores covardes...

O cinema inteiro aplaudia...

Êxtase...

Bandidos jamais venciam a sinergia coletiva...

Jamais...

O bem sufocando o mal...

Ate mesmo o pastor cachorro Rin-Tim-Tim alemão...

Trucidando malfeitores...

Em nossos gibis HQ´s os bandidos eram facilmente identificados na capa e separados para não chegarem vivos na última página...

Invariavelmente tomavam uma surra antes de serem enviados ao inferno para sentarem-se a esquerda do gramunhão..

Mocinhos descreviam a razão de cada soco:

- Este é pelo fulano, este é pelo sicrano...

Tempos idos...

Nossos falsos heróis envelheceram ideais ou caducaram togados pela insuficiência de princípios em alzheimer...

São comprados por qualquer 30 moedas de malas sumidas no Recreio dos Bandeirantes que agasalham em suas mãos em parkinson...

Trocam dogmas por sorver golfadas de Romanie Contis presenteados por facínoras olhando o mar de lama pela sacada de seus apartamentos luxuosos com vista para o tremedal...

Enterram seus corações na curva do Rio...

De janeiro a dezembro...

E...

Antes de irem dormir...

Arriscam uma última olhada na janela da Internet para presenciarem algum 'Táxi em Movimento'...

Estaremos lá...

Incansáveis...

Nós sabemos o que fizeram no invernal passado...

A cada vez que vislumbrarem suas paredes salpicadas do sangue de suas memórias...

Estaremos tatuados no teto de suas consciências embotadas pela culpa ad-eternum de suas trôpegas passadas em direção ao Inferno de Dante...

Experimentarão para sempre o pesadelo de dormirem manietados pelos pés e mãos por fita crepe de seus equívocos arregimentados...

Sobre fezes e urina de seus veredictos...

Suas capitanias hereditárias não lhes permitirão galgar desembargadores postos servis que não de réles contratadores da Corte a quitar cartões e perucas loiras de suas Chicas da Silva com a derrama além da tributária a subterrânea...

Jamais permitiremos que durmam em paz...

Nem um segundo sequer...

Depois de correr todos riscos não nos é permitido simplesmente calar subservientes...

Não basta decapitar a palavra em censura ou jorrar sal sobre túmulos...

Eles não sabem com que estão falando...

Somos muitos...

Somos a cavalaria...




Jorge Schweitzer



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