quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Avenida Brasil: Todos somos meio que assim João Emanuel Carneiro









Você conhece alguém que adora te alugar para contar detalhes do seu trabalho...

Dia desses uma passageira começou assim do nada e foi evoluindo...

- A Inês me estressa...

- Quem?

- Inês, trabalha na mesa ao meu lado lá na repartição...

- Sei...

- Chegou um instante que xinguei, esbravejei, gritei 'você não presta'...

- E a Inês, e a Inês?

Pronto, eu acabara de entrar na 'Avenida Brasil' particular da minha passageira; eu sequer sabia seu nome mas já estava cheio de intimidade querendo saber a reação da Inês...

Mas,  existem projetos de Emanuel piores...

São aqueles sujeitos que falam alto com você em público dando esporro; quem olha de longe parece imagina que ele está te chamando pra briga e você sem reagir todo banana...

Eu tinha um amigo assim, o Bahia...

- Gaúcho, eu cheguei pro meu chefe e falei 'desgraçado, me esquece, porra'...

Aos berros, eu sem graça rindo amarelo...

Toda Barata Ribeiro me olhando...

Porratza, resolvi cortar o barato desfazendo a trama com punho na cara dele:

-  Babaca, otário, trouxa, filho de quenga!

- Que é isso, Gaúcho? Só estou contando o problema lá na firma...

Agora, todos gostamos de contar histórias estilo desabafo...

Ontem peguei um passageiro bem idoso...

Começamos o assunto sobre o Niemeyer acabar de ser hospitalizado aos 104 anos de idade...

Foi a deixa a desaflorar o João Carneiro adormecido do cambrone:

- Eu vejo muito o Discovery e ontem assisti poderemos chegar aos 150 anos dentro em breve; cientistas descobriram que a partir do dente de leite de uma criança podem refazer qualquer órgão...

Me pergunta a idade, respondo que 87 anos...

Me olha surpreso, do banco do carona, aguardando meu sorriso desmentindo...

Permaneço sério;  ele diz ter a mesma idade acho que também de mentira já que parece ter uns 75...

Agora, caso a senhora seja casada com taxista sabe que a melhor parte do dia do chouffer é chegar em casa e detalhar cada corrida...

Taxista ou conta miséria ou vantagem, não existe meio termo...

Para a patroa conta sempre que o dia foi uma merda, já para colega de profissão diz que arrebentou...

Quando encontro outro taxista contador de vantagem devolvo:

- Hoje peguei uma corrida à São Paulo e chegando na Paulista alguém fez sinal pedindo para eu levá-lo à Copacabana...

Taxista que me conhece jamais se atreve contar sequer que calibrou pneu...

Agora, esta compulsão Forrest Gump adquirimos após nossos filhos crescerem e perdermos nossa platéia principal antes deles dormirem...

Daí, saímos por aí enchendo o saco alheio...

Para evitar ser inconveniente recomendo que todos criem um blog...

Pronto, você terá com quem desabafar dali pra frente...

Eu, por exemplo, não tenho o que reclamar...

Muita gente que gosta de mim vem por aqui todo dia só para me ver...

E, mais pessoas ainda que me odeiam também...

Consigo unificar vesgos e baianos com meu cavalo com bóia sem nada dentro...

Ôioioi...



Jorge Schweitzer












3 comentários:

  1. e eu para o taxista: Será que vai chover? Rsds. Nem cartão dele tenho... Abraço Jorge.

    ResponderExcluir
  2. como é que tu sabe jorge que a gente vem aqui só te encher o caso....

    ResponderExcluir
  3. Como são milhares de leitores todo dia imagino que pelo menos três ou quatro me odeiam...
    O que retribuo com grande fervor...
    Na realidade deve ser somente vontade de me odiar sem conseguir...
    Lógico...
    Ah sim, leia novamente o que escrevi sobre encher o saco para não ficar parecendo que você está com problema de interpretação de texto...
    Abraço,


    JS

    ResponderExcluir