sábado, 24 de novembro de 2012

Você gosta de cafuné? ... Eu não, faz barulho...





Mulher adora cafuné... 

Até adormece... 

Eu não... 

Aquele roçar na minha cabeça faz barulho dentro do cérebro... 

Tipo krrrr, krrrr, krrrr... 

Entenderam? 

Não... 

Experimenta pedir para alguém te cafunar e feche os olhos... 

Viram? 

É isto... 

Pior que elas aproveitam nossa cabeça acomodada no colo para espremerem todos os cravos que imaginávamos jamais possuir... 

Franzem a testa e mordem os lábios filosofando sobre nossa dor: 

- Tá vendo, Jorge?! Por isso que homem não pode ter filho... 

Mulher também gosta de massagem nos pés e costas... 

Eu fico pronto pra guerra... 

Elas até dormem nos deixando na solidão da sala  a média luz abaixando o som da TV a aguardar o dia seguinte com cara de tonto... 

Agora, tem barulho de mulher que melhor dormirem mesmo... 

Aquela sopa maravilhosa que peguei nas receitas da Internet que sorvem barulhenta interrompe qualquer paixão alucinada... 

 É de matar... 

Pior é os apelidos odiosos que elas providenciam... 

Tinha uma que me chamava de 'gatinho'... 

'Gatinho' prá lá e 'gatinho' pra cá...

Em tudo quanto era lugar... 

Pô, eu odiava... 

Era uma moça refinada acostumada a ambientes luxuosos e também adorava  aparecer sem importar-se com o alheio...

Com ela fui pela primeira e única vez no Country, festa no Copacabana Palace, casamento do Caiçaras com direito a atravessar de barquinho e seu  aniversário no Costa Bravas do Joá onde me senti um completo  Nicholson Estranho no Ninho e ela  a Grace princesa da Janela Indiscreta...

Então...

Ela gostava de sentar no meio de todos restaurantes - jamais em mesa no canto - e pedir flambados que na primeira ocasião tomei um susto pelas chamas chegando até o teto e o maitre d'hôtel evoluindo sem eu entender a razão de um sujeito de preto ter substituído o garçom bacana de branco e gravata borboleta que acabara de nos atender...

Pobre é uma merda...

Mas...

Certa vez num restaurante ao sujeito maitre me apresentar o cardápio e um raio de rolha de vinho que me recusei cheirar e mandei servir assim mesmo independente do preço muito antes de eu perceber  que a garrafa era um Romanée Conti qe me marcou para a eternidade: 

- Gatinho, o que você acha de 'cavaquinha ao molho de sei lá o quê e arroz papapá'? 

Concordei prontamente para me livrar do garçom rir ao constatar que de 'gatinho' eu não tinha nada... 

E descobri para sempre a diferença de 'cavaquinha' e 'cavalinha', que escutei errado, quando chegou a conta envolta numa pasta de couro puro colocada discretamente ao lado do castiçal para não constranger a dama... 

Ainda bem que eu possuía American Express Blue Box corporativo na época em que eu fazia viagem internacional pela empresa... 

Fosse hoje em dia estaria lavando pratos até 2015... 

E...

Ela me lê até hoje...

E rindo da minha palhaçada...

Ela adora...

Eu acho menor graça...





Jorge Schweitzer






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