sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Corpo de Jorge Selarón permanece no IML sem previsão de sepultamento









Corpo do artista plástico Jorge Selarón permanece no IML do Rio Chileno foi encontrado morto em Santa Teresa na última quinta-feira 

Do R7 | 11/01/2013 às 09h11 

O corpo do artista plástico Jorge Selarón permanecia no IML (Instituto Médico Legal) do Rio de Janeiro na manhã desta sexta-feira (11). 

Até as 9h, não havia informações sobre o enterro dele. O chileno foi encontrado morto na rua Manoel Carneiro, número 24, em Santa Teresa, bairro próximo à Lapa, região central da capital fluminense, na manhã de quinta-feira (10). 

O ceramista ficou conhecido internacionalmente pelo trabalho de azulejos coloridos em uma escadaria da Lapa. 

A Delegacia de Homicídios deve intimar Paulo Sérgio Rabello, ex-funcionário do artista plástico ainda esta semana. Rabello é suspeito de ameaçar Selarón. 

Funcionários falaram ao R7 que o suspeito pressionava por rendimentos sobre os bens do artista plástico em testamento. 

Jorge Selarón fez registro sobre ameaça e dano na 7ª DP em novembro passado. 

Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, Rabello compareceu à delegacia, mas se reservou ao direito de falar em juízo. 

O processo corre no Juizado Especial Criminal. 

 O secretário de Selarón afirmou na tarde desta quinta-feira (10) que já foi agredido por Rabello. 

Segundo o argentino Carlos Agostin Gomes, o ex-funcionário já teria invadido o ateliê e quebrado várias obras. 

— Nunca vi o cara agredindo ele, mas já entrou lá e quebrou várias coisas. No dia 22 de dezembro, entrei no ateliê e Selarón estava sentado chorando e o ex-funcionário estava gritando com ele. Quando me viu, pegou um canivete e tentou me agredir. 

Ainda de acordo com Gomes, o suposto agressor em outra ocasião tentou espancá-lo com um pedaço de madeira. 

— Alguns dias depois, estava descendo as escadas e ele estava com um pedaço de madeira e partiu pra cima de mim. 

Para o secretário, a notícia da morte de Selarón foi uma tragédia. Ele diz crer que não teria suportado a pressão psicológica durante as ameaças. 

— Estava dormindo, quando o telefone tocou. Me avisaram que tinha um corpo na escada. Quando cheguei e vi, descobri que era ele. Ele não suportou e aconteceu isso. 

Um funcionário de Jorge Selarón disse que o pintor apresentava sinais de depressão. 

Valteres Pereira Gomes é pedreiro e trabalhava no ateliê de Selarón. 

— Ele estava muito caidinho. Estava muito triste. Já falava há alguns meses em se matar. Dava para ver que estava em depressão, antes ele ia para praia, andava de bicicleta, e depois que as ameaças começaram, ele quase não saía de casa. Parecia que estava em pânico. 

Novo projeto: portal na escada Ainda segundo o ajudante de Selarón, atualmente ele tinha projetos de realizar novas criações, entre elas, um portal ao final da escada. 

 — Ele tinha o sonho de fazer um portal no final da escada e colocar outras coisas. 

Ele também queria ser reconhecido por sua pintura, mas após as ameaças não conseguiu. 

Para Marcelo Esteves, que é guia turístico e frequenta Santa Teresa há anos, a morte de Selarón foi algo premeditado. 

— Ele não estava mais aguentando essa situação. Então resolveu por um fim nisso. Quis fazer algo diferente e se matou. 

O corpo do pintor e ceramista estava com queimaduras. 

Ao lado, foram encontrados dois frascos de solvente e um isqueiro. Policiais da DH (Divisão de Homicídios) foram ao local, mas não deram informações sobre a investigação. 

A polícia ouvirá vizinhos e colegas de trabalho do artista plástico nesta tarde.



Um comentário:

  1. Quanta monstruosidade! Que perda irreparável para o Rio, especialmente. Pretendo conhecer a escadaria. Descanse em paz, Selarón.

    Coroai-me de rosas,
    Coroai-me em verdade,
    De rosas —
    Rosas que se apagam
    Em fronte a apagar-se
    Tão cedo!
    Coroai-me de rosas
    E de folhas breves.
    E basta. Fernando Pessoa.

    ResponderExcluir