quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Morre Manoel Henrique Ferreira, sequestrador do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben na ditadura


 



Morre Manoel Henrique Ferreira, sequestrador do embaixador alemão durante a ditadura militar

Militante de esquerda da VPR e posteriormente do MR8, ele participou ações contra o regime, como a Greve dos 32 dia


O Globo


RIO — Morreu nesta terça-feira, no Rio, Manoel Henrique Ferreira, que na época da ditadura participou do sequestro do embaixador alemão, Ehrenfried von Holleben, de outras ações armadas e da greve nacional dos presos políticos, conhecida como Greve dos 32 dias, a favor da anistia ampla e irrestrita.

Manoel Henrique nasceu em Uberlândia, Minas Gerais, e veio para o Rio ainda jovem.

Fez parte da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8).

— Nos conhecemos na prisão. Ficamos seis anos juntos e passamos pela Fortaleza de Santa Cruz, Ilha Grande, Bangu e Frei Caneca — lembra Nelsinho Rodrigues, que era militante do MR8. — Como ele não tinha família no Rio, minha mãe meio que o adotou enquanto estávamos presos.

— Ele era doce. O conheci quando cheguei do exílio. Ele ainda estava na prisão e fui visitá-lo. O sequestro do embaixador alemão me libertou — diz Cid Benjamin, lembrando que 40 presos políticos foram soltos por conta do sequestro. — Nós continuamos mantendo contato. Jogávamos futebol juntos.

Sem ter sido beneficiado pela Lei de Anistia, Manoel Henrique saiu em condicional depois que a Lei de Segurança Nacional foi reformulada.

Fora da prisão, ele e Nelsinho fundaram o bar Barbas, que deu origem ao bloco de carnaval homônimo.

— Ele foi sócio gerente comigo. Levamos o Brizola duas vezes para participar de debate no Barbas. O Darcy Ribeiro também foi — lembra Nelsinho, dizendo que o amigo será homenageado neste carnaval.

Manoel Ferreira tinha uma doença degenerativa e estava internado. Ele era casado com Graça Lago, e tinha uma filha.


PS: Na foto, reprodução do JB, lá acima resgatei um registro de visita de Dom Eugênio Sales  aos presos políticos onde aparece Nelson Rodrigues Filho (o de barba mais longa, óbvio) ao lado do Manoel Henrique Ferreira no Complexo Penitenciário da Frei Caneca... Outra curiosidade é que levei um casal até a cremação, ontem, do Manoel Henrique Ferreira e logo após transportei o Nelsinho Rodrigues com quem tive uma conversa rápida mas muito interessante em que ele finalizou apertando minha mão na porta do Memorial do Carmo: 'vamos nos reencontrar novamente muito em breve, de preferência em outro local'... Depois eu conto sobre este encontro... JS




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