segunda-feira, 31 de março de 2014

Camille e Rodin





Gosto muito deste assunto de mulheres jovens e lindas que se apaixonam por velhos... 

Claro que é meio fábula... 

Mas é ótimo... 

Até meus 30 anos achava um horror... 

Passei dos cinquenta e mudei de idéia... 

Vou pesquisando históricos exemplos clássicos para sacramentar minha tese atual... 

Na vida real isto inacreditável, para ambos lados... 

Hoje me interessei por uma senhora no mercado que pareceu correspondência afetiva... 

Deve ter se impressionado com minha japona de lã azul marinho com botões com âncora no centro reluzentes a kaol... 

Repuxei meu andador até bem próximo... 

Ela conversava empinada com uma amiga de roupa de - hum - oncinha e scarpin com sola vermelha... 

Me lançou olhar lânguido e fingia conversar com a colega para me impressionar enquanto olhavam para o celular... 

- Querida, como você demora com isto!? 

- Estou demoránu porque tá tudinho em ingrês prá disbroquear... 

Quase tomei um tombo com andador e tudo ao tentar fuga... 

Já não se fabricam mulheres como de antigamente... 

Marion Cotillard e Pablo Picasso... 

Salomé e Nietzsche... 

Pilar e Samarago... 

Camille e Rodin... 

Elas atualmente preferem Eikes Batista, Vitor Fasanos... 

Quando reclamamos elas repetem que a fila anda, fila anda, fila anda... 

É sempre o mesmo discursinho... 

O mundo está perdido, gente! 

Intelectuais de todas idades foram abandonados na solidão da artrose sem plano de saúde... 

Ficamos ao beleléu... 

Temos o verso e a prosa e elas nos ignoram... 

Sabemos todas locuções para elevá-las às alturas de sonhos... 

Estão nem aí para o espadachin Cyrano de Bergerac que duelou mil vezes... 

Onde estão aquelas mulheres abandonadas que fechavam luto quando a gente se mudava para a casa da amante enquanto elaboravam frases com nossos nomes na vertical chorando noites sem fim? 

Meu Deus do céu, estamos perdidos! 

Todas mulheres adoram o charme de tempos de antigamente da Belle Époque... 

Querem ver como o mundo era belo?! 

Camille jovem se apaixonou por Rodin já meio caído porém ainda sabia esculpir... 

Rodin lhe ensinou tudinho tanto quanto a obra de ambos se confundem... 

Rodin enjoou e deu um pé... 

Acham que Camille mandou a fila andar? 

Que nada... 

Mudou-se para o hotel Quai Bourbon na mesma rua do escultor e permaneceu em grande solidão já que foi sincera, ardente e loucamente apaixonada pelo Rodin até o final da vida... 

Viram?! Isto é que é mulher de fibra... 

Gostaria mesmo de enviar daqui meu abraço à Camille, se que possível... 

Grande Camille! 

Ah que saudades da Amélia... 




Jorge Schweitzer




PS: Atualmente a peça Camille e Rodin está no Teatro da Maison de France aqui no RJ...
Texto e Direção: Frannz Keppler e Elias Andreato 
Com Leopoldo Pacheco, Melissa Vettore. 
Quinta-feira: 20:00 - R$ 40,00 Sexta-feira: 20:00 - R$ 40,00 Sábado: 21:00 - R$ 60,00 Domingo: 19:00 - R$60,00




Um comentário:

  1. oi Jorge, nao deixe nunca de acreditar no amor sem limites de idade.
    Conheci meu marido quando eu tinha 26 e ele 46, hoje já estou nos trinta e poucos, e ele já entrou nos cinquentinha rsrsrs mas continuamos nos amando e nos dando muito bem.
    E para os maldosos de plantao já aviso q ele nao é rico nem nada disso. Alias hoje em dia ganho até mais do que ele.
    O que me conquistou foi o charme, a educação e os segredinhos q só um homem maduro conhece pra agradar uma mulher... em todos os sentidos hehehe

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