quarta-feira, 19 de março de 2014

Julgamento do caseiro Luzinê de Araújo Santos, assassino da menina Cloé Moratori Paroli, em Porto Seguro BA








Suspeito de matar e estuprar criança em Trancoso será julgado na quinta


Menina passava férias com os pais que comemoravam mudança para SP.

Eles moravam na Nova Zelândia. Caseiro é o principal suspeito do crime.

Henrique Mendes e Gabriel Gonçalves



Do G1 BA

O principal suspeito de sequestrar, estuprar e matar uma garota de 3 anos em Trancoso, sul da Bahia, no ano de 2008, será submetido a júri popular na quinta-feira (20). O julgamento vai ser realizado no Fórum Doutor Osório Borges de Menezes, em Porto Seguro, a partir de 9h.

Cloé Muratori Paroli, de 3 anos, passava as férias com a família em um condomínio do município de Trancoso, ponto turístico da região de Porto Seguro, quando foi alvo da ação criminosa no dia 4 de dezembro. O suspeito do crime é Luzinê Araújo Santos, 30 anos, que atuava como caseiro do imóvel onde a a criança estava hospedada. Ele está preso no Conjunto Penal de Eunápolis.

A vítima era brasileira e, até o mês anterior ao crime, morava com os pais na Nova Zelândia. Ela era filha da paulista Luciana de Vasconcelos Macedo Muratori, 37 anos, e do neozolandês Karl Joseph Paroli, 35. Na viagem a Trancoso, a família comemorava a mudança recente e definitiva para o estado de São Paulo. Hoje, sem Cloé Muratori Paroli, os pais decidiram morar na Austrália com outros dois filhos.

Júri popular

De acordo com Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), o julgamento será presidido pelo juiz André Marcelo Strogenski. Por intermédio da Defensoria Pública do Estado, Luzinê Santos terá como advogado de defesa o criminalista José Renato Bernardes da Costa.

A acusação será feita pelo promotor de Justiça Bruno Gontijo. Já a família da vítima contratou o advogado Loredano Aleixo Pereira Santos Júnior. Há dois do julgamento, o pai da vítima já está no município de Porto Seguro e acompanha os procedimentos de organização da sessão.

Em entrevista ao G1 concedida na terça-feira (18), Karl Joseph Paroli disse que espera "justiça". Emocionado, ele prefere não relembrar as circustâncias do assassinato. Entretanto, relata que tudo ocorreu em um momento em que a família festejava uma série de mudanças. "Tínhamos acabado de nos mudar para o Brasil. Além disso, no dia do crime, ela [Cloé] estava a duas semanas de completar quatro anos. Nós queremos justiça para a nossa filha”, afirmou.

De acordo com Karl Joseph Paroli, a esposa e mãe da criança, a paulista Luciana Muratori, está na Austrália, mas virá acompanhar o julgamento em Porto Seguro. Ela deve chegar ao município na noite de quarta-feira (19).

Por meio da rede social Facebook, Muratori postou mensagem aos amigos e moradores que acompanharam o crime. "Agora, finalmente o julgamento foi marcado. Será no dia 20 de março. Por favor, se vocês conhecem alguém em Porto Seguro ou arredores, conversem com eles. Contem o que aconteceu. Quanto mais pessoas indignadas forem ao julgamento, melhor", pediu.

Como o pai da vítima e demais parentes não falam português, o Ministério Público do Estado irá disponibilizar tradutores para a sessão.

Investigação

Para o advogado contratado pela família, Loredano Aleixo Pereira Santos Júnior, o principal instrumento da acusação é a própria confissão do réu. "Ele negou a autoria durante depoimento judicial, mas, no dia do crime, havia confessado [para a polícia]. A nossa esperança é que ele seja condenado a pena máxima", relatou. Segundo o TJ-BA, o levamento processual aponta que o caseiro negou responsabilidade pelo delito. À Justiça, ele informou que foi coagido a confessar a autoria da morte.


Em entrevista ao G1, a titular da Delegacia de Proteção ao Turista (Deltur) em Porto Seguro na época, Teronite Bezerra, disse que, no dia do crime, o réu admitiu o assassinato com detalhes. A delegada Teronite, que hoje atua como titular da Delegacia de Cabrália, disse que lembra com clareza dos fatos ocorridos em 4 de dezembro de 2009.

Ela disse que a mãe chegou desesperada à delegacia, por volta das 17h30, contando que a filha tinha sido assassinada em Trancoso. "Pedi que ela se acalmasse e me contasse quem estava no condomínio. Ela relatou que tinha dois caseiros. Logo chamei os dois para depor", relata.

No primeiro depoimento coletado, ela disse que logo percebeu quem era o autor do crime. "Um dos guardas era idoso e, pela conversa, logo percebi que não tinha nada a ver. Quando chamei o segundo, percebi a culpa. Eu nem bem havia começado a falar e ele começou a se tremer. Com isso, perguntei diretamente: Como você matou a menina? E ele detalhou", afirma.

Teronite conta que o suspeito admitiu ter distraído, sequestrado, estuprado e jogado o corpo da criança em um riacho próximo ao condomínio, onde o corpo foi encontrado. "Ele disse que não entendia o que tinha acontecido. Dizia que o diabo tinha tomado conta dele. Tenho 18 anos de polícia e não vi nada igual", descreveu.

A delegada ainda disse que o suspeito chegou a ser agredido pelos demais presos. "Ele confessou o crime. Estávamos eu e ele sozinhos. Depois, ele negou, provavelmente orientado por algum advogado. Ele tem uma filha com idade da menina. No dia, eu até perguntei o que ele faria se alguém fizesse o mesmo com a filha dele. Ele disse que mandaria matar", relatou.

Na ocasião do crime, Luzinê foi encaminhado para o Conjunto Penal de Teixeira de Freitas. No dia 22 de fevereiro do ano passado, ele foi transferido para o Conjunto Penal de Eunápolis, onde aguarda julgamento.


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