quinta-feira, 10 de julho de 2014

A perfeita tradução da felicidade






Ainda há pouco meu filho lembrou de um amigo meu que a gente zoava muito quando ele era criança...

Estas histórias são saborosas...

- Pai, o senhor  lembra do Alexandre?

- Eu não...

Demorei algum tempo para me situar...

- Pô, filho, não seria  Alencar?!

- Hahahahahaha, é mesmo!

- E, você lembra da Alencara?

Rodrigo se esbugalha de rir...

Rodrigo e eu morando sozinhos onde eu tentava administrar o melhor período da minha vida...

Pela manhã eu levava Rodrigo para a escola no Catete e dava carona para o Alencar que trabalhava na madrugada no mesmo  táxi que eu rodava durante o dia...

Alencar me apanhava em Copacabana depois de trabalhar a noite...

Na Praia de Botafogo uma moradora de rua ficava na calçada em meio as pistas de colant fingindo fazer ginástica as 7 horas da manhã...

Era  surreal...

Ela se exibia toda...

Eu diminuia a velocidade quando chegavamos próximo...

Eu já sabia o exato ponto da agulha que reparte quem vai subir o viaduto em direção ao Santa Bárbara e Praia de Botafogo...

Eu e Rodrigo batiamos palmas e ela agradecia...

Nós dois fazíamos uma algazarra, Alencar puto...

Na verdade, aquilo minha tentativa de alegrar o Rodrigo que odiava acordar cedo...

Todo dia a mesma cena...

Alencar, que  evangélico ferrenho e todo sisudo, não gostava da gritaria no carro...

Só de sacanagem, apelidei a dona de Alencara...

Alencara parecia  já estava aguardando nós passarmos para eu e Rodrigo revelenciarmos sua apresentação...

- Alencara, Alencara!

Ela nos enviava beijos, agradecia...

Virou uma farra...

Certo dia, Alencar estava dirigindo e tentou desviar da performance da nossa  Alencara...

Deu problema, o trânsito engarrafou direto em cima de onde estava a Alencara...

 A gente ria de de chorar...

Alencara pulava na calçada  comemorando nossa presença...

Alencar se rendeu e riu com a gente...

Têm momentos que acredito a completa tradução da completa felicidade...

Ah, sim...

Acabo de lembrar do menino maluquinho que colava chiletes debaixo da mesa da sala para resgatar quando voltasse da escola que certo dia contei para a Daniela sentiu-se na obrigação do seu pai  Ziraldo autografar um  livro somente para ele...

E de uma criança doida que segurava microfone de brinquedo imitando os Mamonas Assassinas cantando Mina, teus cabelos é da hora para nosso desespero...

- Pô, Rodrigo, baixa este som...

- Não sou Rodrigo, sou Dinho!

Depois eu conto!



Jorge Schweitzer




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