sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Crescimento da Internet: O Globo dispensa 160 funcionários



 

Globo usou "eufemismos corporativos" para justificar demissões de jornalistas


Luis Nassif On Line
Sugerido por Jns

Demissões do Globo estão relacionadas a processo milionário na Justiça

Do Conexão Jornalismo



Por trás da onda de demissões do Globo, onde mais de 160 profissionais de diversos setores foram dispensados nesta quinta-feira (08), estaria um problema grave provocado pela própria empresa e que envolve o Infoglobo e a Justiça do Trabalho. O Grupo responde a um processo judicial por conta da demissão de jornalistas e outros profissionais que estão prestes a completar 60 anos. A medida de caráter empresarial, que visa reduzir despesas, foi durante três anos alvo de investigação do Ministério Público do Trabalho.

No meio jornalístico especula-se que a chamada "expulsória" (princípio no qual o profissional é demitido ao completar 60 anos) estaria sendo antecipada para evitar dificuldades mais à frente, quando se daria o processo de demissão por idade.

Durante três anos a procuradora do Trabalho, Luciana Tostes, constatou que o comportamento da empresa feriria princípios que deveriam proteger o trabalhador e o idoso. Como o Infoglobo não concordou em rever o modelo de gestão considerado discriminatório contra a pessoa idosa, o MP acabou por encaminhar, em junho de 2013, pedido de ação civil pública à 24ª Vara do Trabalho.

A ação foi registrada sob o número 0010309-05.2013.5.01.0024. Nela, Luciana Tostes pede multa de R$ 5 milhões à empresa e que a editora deixe de dispensar empregados em virtude, unicamente, de sua idade.

- Trata-se de uma medida importante para que a empresa se comprometa a não adotar mais essa prática, disse à época a procuradora.

Somado à questão trabalhista, o Grupo Globo tem sofrido também com a queda nas vendas dos jornais e o crescimento da Internet. Para garantir o fechamento das contas o Grupo tem preservado sua receita, ao longo de mais de uma década, graças a verbas publicitárias provenientes de órgãos públicos.

Nesta quinta-feira foram demitidos 160 profissionais envolvendo redação, comercial e administrativo. Boa parte dos demitidos já tem mais de 50 anos.

Rede Globo

No início de dezembro, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio entrou com um novo pedido de fiscalização do Ministério do Trabalho, agora contra a Rede Globo. O objetivo é a apuração e responsabilização da empresa diante de irregularidades em sua relação com os jornalistas.

Novamente antes da decisão extrema várias reuniões entre a entidade e a direção da empresa foram realizadas, sem sucesso.

O Dia não deposita FGTS há oito meses

A crise financeira atingiu também ao popular O Dia onde há oito meses o FGTS dos trabalhadores não é depositado. Ontem a presidenta do Sindicato, Paula Mairan, esteve na redação e buscou negociar com a direção. Diários Associados (que abriga também a Rádio Tupi) e O Lance também enfrentam dificuldades.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio publicou uma nota oficial sobre o ocorrido:

Sindicato Jornalistas Profissionais Rio

Nota do Sindicato em repúdio às demissões em série na Infoglobo

Otimização, revisão de processos, reestruturação. Eufemismos corporativos foram usados pela Infoglobo para justificar demissões em série de jornalistas de 'O Globo' nesta quinta-feira (08/01). Os cortes na redação causaram profunda indignação e comoção em toda a categoria dos jornalistas profissionais do Rio por enviar o claro recado de que trabalhadores são materiais descartáveis aos olhos de empresários ávidos por mais lucro. As demissões atingiram desde repórteres com pouco tempo de casa até 'medalhões' da imprensa carioca, como colunistas e jornalistas premiados. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro repudia as demissões promovidas pela Infoglobo e coloca-se a disposição de todos os jornalistas dispensados.

Ao Sindicato, a empresa negou que esteja em crise e tratou as demissões como uma 'medida de otimização após a revisão de dos processos da empresa'. Essa revisão, ainda segundo a Infoglobo, 'constatou que haviam diferentes unidades produzindo o mesmo tipo de trabalho' e a necessidade de 'um modelo de convergência'. A explicação, fria, vaga e tecnicista, só demonstra o lamentável descaso da Infoglobo com profissionais que dedicaram anos de sua vida ao sustento e ao crescimento do jornal. Indignada, a nossa diretoria cobrará mais explicações da empresa em reunião marcada para o início da semana que vem.

Além da frieza cruel ao tratar da dispensa de profissionais com lastro no jornalismo, a Infoglobo ainda promoveu um verdadeiro clima de terror em suas redações ao não comunicar os demais trabalhadores sobre os cortes - que também atingem outras áreas da empresa. O nosso setor jurídico analisa possíveis irregularidades cometidas pela empresa durante as demissões. O Sindicato fará ainda a fiscalização cerrada sobre as homologações para que nenhum direito deixe de ser compensado a esses jornalistas. Hoje é um dia triste para o jornalismo brasileiro.

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro




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