quarta-feira, 8 de abril de 2015

Daniel de Oliveira Coutinho, filho do documentarista Eduardo Coutinho, é absolvido pela morte a facadas do pai e tentativa de assassinato da mãe





Justiça absolve filho de Eduardo Coutinho por morte do documentarista
Na decisão, juiz afirmou que Daniel Coutinho sofre de transtorno de personalidade e não tem condições de responder por seus atos

O DIA

Rio - O juiz Fábio Uchôa Montenegro, da 1ª Vara Criminal da Capital, absolveu sumariamente, nesta quarta-feira, Daniel de Oliveira Coutinho, filho do documentarista Eduardo Coutinho, submetendo-o à medida de segurança de internação em casa de saúde para portadores de doença mental, pelo prazo mínimo de três anos. Daniel, no dia 2 de fevereiro de 2014, assassinou com golpes de faca o pai, e feriu sua mãe, Maria das Dores de Oliveira Coutinho, que conseguiu escapar se trancando no quarto da casa onde moravam.

Na sentença, o magistrado considerou o réu inimputável (quando, por razão de transtorno psíquico, não tem condições de responder por seus atos), de acordo com o laudo da perícia no exame de insanidade mental a que foi submetido.

“Ocorre, entretanto, que o réu é inimputável, eis que portador de doença mental - Transtorno Esquizotípico -, uma vez que não era, ao tempo da ação, inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato, e era inteiramente incapaz de determinar-se de acordo com este entendimento, consoante concluiu a douta perícia no Exame de Insanidade Mental do Réu “, escreveu o juiz na sentença. O magistrado afirmou, ainda, que a medida de segurança de internação visa garantir a segurança da sociedade e do próprio réu.


Reconhecido no Brasil e no exterior, Eduardo Coutinho foi esfaqueado. Sua mulher conseguiu se trancar no banheiro e ligar para outro filho
Foto:  Marcio Bredariol / Divulgação
“Com efeito, o réu encontra-se nas condições do Art. 26 caput do Código Penal, justificando, assim, a imposição de medida de segurança de internação pelo prazo de três anos, tendo em vista a gravidade de sua doença mental, apontada pela perícia forense e pela privada, a potencialidade de perigo que o mesmo representa para a sociedade e para si próprio, sublinhando-se que a perícia particular ainda aponta para possibilidade de grave risco de suicídio, se não houver o devido tratamento curativo, do tipo internação”, concluiu o juiz na sentença.

Em audiência no mês de julho de 2014, Daniel de Oliveira Coutinho, confessou ao Primeiro Tribunal do Júri da Capital, que matou o pai a facadas por impulso.Daniel foi preso em flagrante, e respondia pelos crimes de homicídio qualificado e tentativa de homicídio, pois também tentou matar, na mesma ocasião, sua mãe, Maria das Dores Coutinho. Interrogado, o acusado confirmou ao juiz Fábio Uchôa ter esfaqueado os pais.

Ele contou que sofria de síndrome do pânico e que, por intuição, raspou a cabeça dias antes do crime. Nela, teria percebido uma inscrição, a sequência de números 666. A partir daí, disse ter sido tomado por uma obsessão espiritual e que, apesar de amar muito seus pais, resolveu matá-los por medo de lhes acontecer algum mal.

Daniel dormia com faca

Daniel explicou que dormia com uma faca já alguns dias antes do crime. Ele explicou que, naquele dia, acordou em pânico, sobressaltado, e decidiu, num surto, matar os pais e depois suicidar-se. Na tentativa de causar-lhes, segundo ele, uma morte indolor, atacou os pais enquanto dormiam. Primeira a ser agredida, a mãe acordou e conseguiu escapar para o banheiro. Eduardo Coutinho, o pai, levantou-se com a confusão e acabou sendo morto pelo filho.


“A pessoa que entrou no quarto dos meus pais achava que era Satanás. Quando achei a sequência de números na minha cabeça, eu pensava que era o demônio. Era uma obsessão espiritual, fui induzido a matar meus pais e depois a me matar. Eu tentei me matar, mas aí não aconteceu nada. Me senti enganado pelos espíritos. Foi quando eu fui procurar ajuda para tentar salvar meus pais”, disse Daniel Coutinho em audiência.

O crime aconteceu por volta das 11h do dia 2 de fevereiro. Quando os bombeiros chegaram, minutos depois, o cineasta já estava morto. Em entrevista coletiva na noite deste domingo, o delegado afirmou que Maria das Dores de Oliveira Coutinho, mulher de Eduardo, só conseguiu se salvar porque se trancou no banheiro e de lá ligou para outro filho. Ela levou duas facadas na altura dos seios e três no abdômen. Daniel se esfaqueou duas vezes e então bateu na porta de vizinhos. Uma das testemunhas ouvidas pela polícia relatou que ele repetia a frase “eu libertei o meu pai e tentei libertar a minha mãe e a mim"



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