quinta-feira, 30 de julho de 2015

Joanna Marcenal e Rosa Parks





(Texto publicado no Táxi em movimento em abril de 2011)



Foi nesta segunda, 24/abril/2011...

Eu estava com uma passageira pela Avenida Antonio Carlos quando me deparei com o imenso busdoor da Joanna colado no parabrisa traseiro do 2332, que faz o trajeto Recreio/Castelo...

O rosto de Joanna Marcenal já se tornou tão familiar que já parece fazer parte da paisagem de nosso cotidiano a cobrar Justiça...

Não deu tempo de filmar e transmitir ao vivo prá voces...

Senti imenso orgulho pela coragem da moça que anonimamente nos proporcionou este manifesto silencioso...

Lembrei de Rosa Parks que desencadeou a maior revolução dos direitos civis americanos a partir do boicote nos onibus coletivos pela sociedade do Alabama e se transformou num símbolo nacional alçada pelos discursos de Martin Luther King...

Perguntei para minha passageira se ela sabia do que se tratava...

Ela sabe tanto quanto eu de todos detalhes do sacrifício de Joanna Cardoso Marcenal...

Todos sabem...

Minha passageira ficou emocionada...

Fiquei desconcertado ao ver minha passageira chorar mas não comentei mais nada...

O busdoor de Joanna Cardoso Marcenal agora viaja no mesmo itinerário que seu assassino circula impune entre sua residencia onde matou a criança e seu local de trabalho como funcionário barnabé do Judiciário do Rio de Janeiro...

O TJ ainda não teve o bom senso de defenestrar André Marins de suas fileiras...

Mas logo o fará...

Inevitável...

Entre Rosa Parks enquadrar um azedo alvo de colarinho engomado em 1955 negando-se a se sujeitar a sua posuda renitência deformada a ser alçada a condição de heróina e Luther King se tornar mártir da causa foram décadas...

Necessitamos de símbolos perenes a não nos permitir amnésia coletiva com a arrogancia dos covardes sociopatas...

André Marins acredita que tudo está finalizado com a canetada do Juiz Alberto Fraga...

Que nada...

O Inferno de Dante possui vários círculos e semi-círculos que André Marins apenas experimentou a soleira do mármore incandescente do nono portal de Bangu 8 por quatro meses sem ainda sentir o bafo de enxofre do demonio ao vivo...

Aquilo foi amostra-grátis...

A complexa Divina Comédia exige paciencia para se chegar ao final da obra...

Não há como escapar...

Questão de tempo...

Não temos pressa...



Jorge Schweitzer



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